segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um lugar cinza

Tenho a impressão de que, hoje em dia, restam poucos lugares em que pessoas de diferentes classes sociais recebem um tratamento igual e padronizado. Há lugares ‘proibidos’ para os que não podem pagar um valor exorbitante em uma peça de roupa ou são usuários do transporte público, assim como há lugares ‘indignos’ para aqueles cujo salto é tão alto quanto à conta bancária e a autoestima. Mas, alguns dias atrás, fui surpreendida ao ir a um Cartório Eleitoral para a Campanha de Recadastramento Biométrico do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Joias, bijuterias, tênis, chinelos, pés descalços. Tudo e todos reunidos em um único corredor. Com as senhas em mãos, unhas feitas e coloridas, unhas sujas e sem corte, todos à espera do seu número da sorte. 10 minutos, 20 minutos, 50 minutos... todos esperando, pacientemente ou não, pela sua vez. Os funcionários, ora ríspidos, ora gentis, mas todos mantendo a mesma postura com quem quer que fosse. Madame não teve vantagem, pobre não passou vontade, estrangeiro fez mímica e não perdeu a coragem. Todos sentaram; fizeram uma assinatura digital em um quase Ipad; uns pediram para refazer a assinatura, afinal, escrever “neste negócio é difícil”; tiraram a foto e, nesta hora, não adiantava usar MAC, a qualidade era ruim mesmo e a modelo, bonita ou feia, rica ou pobre, não ia fazer diferença.

A Campanha

Foto: TSE

Todos os eleitores brasileiros terão -em datas distintas que variam de acordo com o município em que vivem- de cadastrar suas digitais para garantir uma maior segurança e credibilidade do processo eleitoral e diminuir o índice de fraudes com pessoas votando em nome de outras. Com o novo sistema, o eleitor vota sem que haja a necessidade de apresentar documentos de identificação, ele é reconhecido por suas digitais.

Apesar de pouco mais de um milhão de eleitores já terem utilizado o novo método nas eleições de 2010, a expectativa da Justiça Eleitoral é de que todo o eleitorado do país só esteja biometricamente cadastrado para as eleições de 2018. Atualmente, o Recadastramento Biométrico no Estado de São Paulo está acontecendo nas cidades de Jundiaí e Itupeva. Para saber se sua cidade também está cadastrando as digitais dos eleitores, cheque o site do Tribunal Superior Eleitoral no link a seguir: http://www.tse.gov.br/internet/urnaEletronica/index.html

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Minimamente feliz

Para comerçarmos bem a semana... um texto da jornalista Leila Ferreira que recebi por email um dia destes e que certamente vale a pena dividir, afinal, precisamos todos ser minimamente felizes!

A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.
Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.
Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural. 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos. Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.

Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'.
Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.
Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mais um no pântano

Impunidade. Corrupção. Politicagem. Ouvimos com tanta frequência estas palavras que tenho a sensação de que já deixaram de causar espanto e revolta na população.

A última protagonista do crime de peculato, tipificado no artigo 312 do Código Penal Brasileiro e que condena o funcionário público por apropriação de dinheiro ou de qualquer outro bem de que tenha posse em função do cargo, foi a deputada Jaqueline Roriz, do Partido da Mobilização Social (PMN), do Distrito Federal.

Em março deste ano, foi divulgado um vídeo em que Roriz recebe cerca de 50 mil reais, dinheiro do mensalão do DEM, das mãos do ex-secretário de Relações Internacionais do governo do Distrito Federal, Durval Barbosa. Veja o vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=qD2vME2PhRw

Mas, como era de se esperar, Roriz foi absolvida na última terça-feira (30) do pedido de cassação encaminhado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) por 265 votos contra, 166 a favor e 20 abstenções. Para ter o mandato cassado, eram necessários 257 votos a favor.

Roriz alega que, quando a gravação foi realizada, em 2006, ela ainda não ocupava cargo público e, por isso, não deveria ser cassada por esta acusação já que se tornou deputada este ano. Seus companheiros deputados, em votação secreta e temendo enfrentar antigos processos, aderiram à tese de que cassação só é plausível quando o crime é cometido durante o exercício do mandato.


Foto: Valter Campanato/ABr/Agência Brasil/EBC

A deputada chora ao ser absolvida, mas como acreditar na redenção de alguém que sai impune dos crimes que comete e que, mesmo quando não estava literalmente em meio ao Congresso, já se envolvia em seus escândalos?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

E agora, José?

Ainda tão jovens temos que escolher o que vamos querer ser para os próximos anos de nossas vidas, mesmo quando o tempo ainda está a nosso favor e há a possibilidade de refazermos nossas escolhas e redesenharmos nossos rumos, esta não é uma decisão fácil. Escolher algo que te dê prazer? Escolher uma profissão que te possibilite uma condição financeira estável? É possível juntar as duas coisas? Quantos questionamentos, não é mesmo? E talvez o mais desconcertante seja a possibilidade de que, mesmo que a escolha tenha sido pensada e repensada inúmeras vezes, eventualmente, vai surgir em nossa mente "E se...", mas aí os vestibulares já passaram, a adolescência ficou pra trás e é hora de assumir a idade, de adquirir independência, de começar a trilhar o caminho só com nossos pés. E então, aparecem as oportunidades em se tornar um trainee.

Ao contrário do que muita gente ainda pensa hoje em dia, trainee não é um estagiário, é mão de obra altamente cara para as empresas. Estima-se que, só no Brasil, as empresas invistam cerca de R$ 2 bi ao ano em programas de trainee.
Cada empresa tem suas próprias diretrizes para o desenvolvimento de um trainee, que, antes de mais nada, é um jovem recém graduado e com algumas características específicas, sendo que estas variam de acordo com o perfil da empresa.

Em todo programa de trainee, o jovem passa pelo chamado job rotation, ou seja, fica um ou dois anos conhecendo as diversas áreas da empresa para aprender fluxos e processos, conhecer profissionais dos mais diferentes níveis hierárquicos e adquirir as habilidades técnicas e comportamentais necessárias para a função que, futuramente, vai desempenhar ao término do programa. O jovem ainda participa de workshops e feiras a fim de complementar a imersão dentro do negócio em que a empresa está inserida e, dependendo do programa, tem a possibilidade de passar um tempo em outro estado do país ou até mesmo no exterior.

Como qualquer outro emprego, o programa de trainees também tem seus prós e contras. A possibilidade de ter um cargo executivo com pouca idade e os salários atrativos chamam a atenção, mas passar um ou dois anos apenas adquirindo conhecimento e desenvolvendo alguns projetos nas áreas da empresa também não é tarefa fácil, haja memória para tanta informação! Independente do que o futuro nos reserva e das escolhas que faremos a seguir, ser trainee nos dá uma visão ampla do funcionamento de uma empresa, de como é ou deveria ser a gestão de equipes e da importância dos relacionamentos nas questões profissionais, por isso, nos traz bagagem para ser usada em qualquer outra viagem que resolvamos fazer.

Uma dica para aqueles que querem se aventurar nos programas de trainees é se cadastrar no site da Cia. de Talentos, recrutadora de jovens para várias empresas do país. http://www.ciadetalentos.com.br/

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Irene, Irene... inúmeros Irenes.

43 pessoas morreram, até o momento, com o furacão Irene, nos Estados Unidos.
Como um ladrão insensível e desumano, um furacão chega de forma avassaladora e leva tudo e todos que encontra pela frente. As casas viram tijolos despedaçados; os carros, pedaços de metal espalhados por quilômetros de distância; das árvores, sobram apenas algumas folhas; dos sonhos e histórias, já não restam nem mais a memória. A fúria do Irene logo desperta o interesse da mídia e do mundo. Os Estados Unidos sofrem com a magnitude do desastre natural e com as crianças, jovens e adultos cujas vidas foram levadas embora, assim, de repente.
Vidas nunca deixam de ser vidas, mas deixam de ser vistas.

12 pessoas morrem por dia na cidade de São Paulo por causa da poluição;
30 pessoas morrem por dia no Brasil em acidentes de moto;
57 pessoas morrem por dia no Brasil por causa do álcool.
No fim das contas, um furacão é apenas um furacão e Irene é apenas mais um entre tantos outros que existem por aí, talvez com nomes menos atrativos e delicados, mas, muitas vezes, com uma força ainda maior do que a necessária para derrubar paredes, devastar regiões e confundir a sanidade.
                    
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Por que Irene, entre tantos outros nomes possíveis para se dar a um furacão?
Ficou curioso?
Acesse: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2005/09/23/ult34u136186.jhtm

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Um detalhe a mais

Sempre questionei o poder da teledramaturgia em nossas vidas. Será que nos espelhamos naqueles personagens de caráter tão definidos e, às vezes, até exacerbados estampados nas telas cada vez mais finas que temos em nossas casas?
Apesar das inúmeras cenas de violência e de conteúdo adulto, os altos índices de audiência das novelas revelam que somos parte de um país onde o escapismo e o lazer são encontrados em frente à TV. Não importa se assistimos de vez em quando, se somos telespectadores assíduos, ainda que escondidos, fato é que podemos nos render aos luxos e desamores de algo quando estamos expostos a ele. E com esta jovem jornalista não foi diferente.
Para quem acompanhou a última novela das 21h da Rede Globo, Insensato Coração, deve soar familiar um personagem indignado com a impunidade pública, jornalista com vontade de fazer a diferença e dono de um blog que, aos poucos, ganhou corpo e relevância. Este era o personagem Kléber, protagonizado pelo ator Cássio Gabus Mendes. E aquele era o momento em que a falsa/verdadeira identidade inspirava a telespectadora, exceto, é claro, pelos traços altamente homofóbicos do personagem.
Não, não tenho a pretensão –ainda que sobre vontade- de usar este espaço para o jornalismo investigativo e de torná-lo uma ferramenta de grandes mudanças, mas, como diriam os poetas, o essencial e a diferença se fazem com os detalhes, nas nuances e entrelinhas, então, sejam bem vindos!